Passatempos da galera

De Cartola

Eventos que promovíamos no pátio do colégio, no terceiro ano:



1) Futebol americano contra o pessoal do primeiro ano;



2) Rodas de lutas, com direito a parar o pátio para que dois lutassem no
centro, dentro de um círculo formado pelos demais participantes. Rolavam
apostas nesse "esporte";



3) Pancadaria generalizada contra o pessoal do primeiro ano (o pessoal do segundo ano era muito frutinha e não participava dessas coisas).

Outros eventos:



a) Escada Rolante

Nas escadas do colégio promovíamos a famosa "escada rolante". Um do grupo
ficava na frente das escadarias, enquanto os demais iam pulando sobre suas
costas e gritando: "- Escada rolante !" até que ele não mais agüentasse o peso e todos caíssem rolando pelas
escadas. Pessoas que eventualmente transitassem por ela acabavam sendo
engolidas pela "bola de neve". Inesquecível o dia em que o Andrezinho
(professor de física) foi engolido pela bola de neve e as provas que estavam
em sua pasta foram espalhadas por todos os lados. Salvo engano o Buono era o
rei das escoriações nessa expressão cultural da galera.



b) Rei da Montanha

Esporte praticado poucas vezes, consistia em se montar uma montanha de
cadeiras empilhadas. Via de regra eu ocupava o posto do "rei da montanha"
subindo na que estivesse na posição mais alta, enquanto colegas iam
removendo as cadeiras da base e eu tentava me manter equilibrado ante o
desabamento iminente.



c) Pit Stop

Uma cadeira tinha todos os seus parafusos previamente removidos e era
absolutamente desmontada. Quando alguém saía de sala durante uma aula, sua
cadeira era removida, ligávamos a cronometragem e um grupo (via de regra eu,
Cartola, Buono, Sérgio e César, com muitas variantes) montava a cadeira
substituta em tempo recorde, sem os parafusos, é claro, no lugar da cadeira
removida. Éramos bons nisso! A substituição da cadeira boa pela armadilha
acontecia em segundos! Aguardávamos o retorno da vítima para nos
deleitarmos "de arquibancada" com o desabamento. O Caldi era a vítima mais
freqüente, com o Daniel em segundo lugar. Salvo engano a Laís protagonizou uma queda em câmera lenta.

Fato curioso era a Bia, que tinha o dom de se sentar na cadeira sem parafusos sem que ela desmontasse! Ficávamos
enlouquecidos com isso e sempre tinha alguém que cogitava chutar um dos pés
da cadeira por conta da indignação!



d) Campo Minado

O mural velho era desfiado em diversas bolas de lã, que eram molhadas no
bebedouro e lançadas no teto sobre a mesa do professor formando um
verdadeiro campo minado. Durante a aula elas costumavam se descolar, caindo
sobre a vítima e seus materiais. Uma variação do campo minado consistia em
lançar as bolas acima do ventilador, para que se chocassem com as pás em
movimento ao caírem, adquirindo maior velocidade e impacto.



e) Terreiro

Pintamos um pentagrama no chão, nos fundos da sala, e costumávamos realizar
sessões de umbanda e quimbanda no local. O Vítor era nosso pai de santo /
"preto véio". Inesquecível o dia em que fazíamos uma reza brava para que a
professora de inglês faltasse, até o inspetor Wagner entrar e nos avisar para que
não deixássemos a sala, pois ela estaria presente, mas passando mal na sala
dos professores, sem conseguir subir para a aula. A reza continuou até que
ela desistisse da aula.

Já peguei algumas galinhas pretas nos fundos do colégio, que colocamos no
meio da roda para dar mais força para os despachos. Complicando era passar
pela portaria com elas piando dentro do meu casaco e o sr. Kleber olhando
para minha cara com ar de desconfiança.



f) Cassino

Nas aulas do prof. Padilha, que me chamava de "mafioso", graças a um muro que existia no meio da sala da oitava série,
promovíamos um cassino, com direito a levarmos jogos de roleta.



g) Pichações

Quem não se lembra das pichações realizadas com liquid paper na parte de
trás das carteiras? "Cartola está amando" era uma das mais tradicionais, rs.



h) Perguntas do Mirony

Tudo parava para darmos atenção às perguntas geniais do Mirony... Elas merecem um tópico individualizado !



i) Cemitério das garrafas

Essa era antiga. Aconteceu na oitava série, quando o Sílvio esbarrou em uma
garrafa que caiu no vão entre parede do colégio e a escada da portaria. Logo
a prática se tornou moda e o Sílvio colocava várias garrafas, fingia estar
distraído e se sentava no lugar, empurrando-as rumo ao precipício. Em pouco
tempo o espaço ficou repleto de cacos de vidro. Como sempre, a dose inicial
não mais satisfazia e me lembro do Sílvio coletando garrafas, colocando-as
dentro do seu casaco e abrindo-o para despejá-las aos montes no espaço, bem
como do Alvim atirando garrafas diretamente no espaço. Terminou na
coordenação, obviamente.



j) Farra do Boi

Esporte civilizado no qual, aos gritos de: "- Farra do boi ! Farra do boi !",  tentávamos agarrar o Sílvio por seus cabelos para
um salutar linchamento, enquanto ele urrava e corria entre as carteiras, derrubando mesas e
atirando o material de todos pelo chão. Ainda me recordo dele gritando e
pisoteando o material de desenho da Laís.



k) Cuecão

Brincadeira saudável, na qual a cueca da vítima era removida sendo puxada
para cima, passando pela sua cabeça. Quem não se lembra do Sílvio urrando
feito uma vaca no abatedouro, esticado no chão do pátio, quando lhe
arrancaram uma cueca do tamanho de uma tenda de circo, que foi transformada
em uma bandeira? E do cartola com uma cueca de aço, que não rasgava por nada
apesar de estar esticada até acima da sua cabeça, o que lhe rendeu muitas
queixas por conta das assaduras provocadas? E da enorme bandeira feita com
inúmeras cuecas amarradas?



Nota: não sei como, por alguma espécie de hipnose coletiva, consegui escapar
incólume nos cuecões. Sempre que me cercavam eu falava: de novo eu?
Inventava algumas desculpas e o pessoal desistia, achando que eu já tivesse
sido vítima. Ufa!



Nota 2: Buono malandro dava aulas de sobrevivência aos cuecões. Dizia que
deveríamos usar cuecas de malha cheia de furinhos e sugeria até que se
fizesse algo tipo um pontilhado de papel higiênico nas cuecas para que elas
se rompessem rapidamente e de forma indolor.



l) Cueca podre do Vítor

O Vítor deixava sua cueca (pós aula de educação física) rolar pela sala de
aula. Ela fatalmente acabava sendo colocada na cabeça da pobre Laís ou de
algumas outras vítimas tradicionais.




m) Procissões do São Pelaiô


Em um ato de fé caminhávamos pelo colégio, com velas nas mãos e cantando: " - Santo Pelaiô levai contigo o meu perdão!", etc.

O ato demonstrava nossa devoção ao Santo Padroeiro da turma, o falecido toureiro Don Pelarro, cujo espírito materializado retornou às aulas na semana posterior à trágica morte, para redimir e resgatar nossa turma dos seus pecados.